Iniciamos 2022 com a confirmação de crescimento da ordem de 20% da indústria brasileira de fundição em 2021. Foram mais de 2,70 milhões t fundidas, das quais 87% consumidas no mercado interno, em especial por setores ligados ao agronegócio, infraestrutura, indústria automotiva, de bens de capital, ferroviária e de máquinas rodoviárias.
A mostra da confiança do fundidor na atual situação da economia do país e dos próximos meses se reflete em seu quadro de funcionários. Em dezembro, a fundição empregou 62.944 colaboradores; 12,1% mais do que do mesmo mês do ano anterior.
Esta confiança está embasada principalmente nas estimativas anunciadas pelos clientes do setor, todas positivas. A fundição é a “indústria mãe”. Assim, quando a indústria de bens de capital prevê investimentos 6,4% superiores a um ano de crescimento de faturamento da ordem de 21,6%, ou quando a indústria automotiva prevê crescer 9,4%, comemoramos.
O agronegócio promete continuar a impulsionar a economia brasileira em 2022, mas no atual exercício apostamos em outros protagonistas de peso. Com a confirmação da constitucionalidade do novo Marco Legal do Saneamento, o segmento deverá receber um montante histórico de recursos este ano.
Já o setor ferroviário, somando concessões e autorizações possibilitadas pelo Programa ProTrilhos e pelo Marco das Ferrovias, deverá se beneficiar de aportes da ordem de R$ 300 bilhões.
Por outro lado, ainda lidamos com desarranjos nas cadeias produtivas, que têm resultado na escassez de insumos e matérias-primas e elevações de preços no mundo inteiro, além de uma inflação elevada, com consequentes altas nas taxas de juros, e custos de energia elevados.
Especialistas acreditam que parte desses problemas serão amenizados no segundo semestre, e nós também. Também apostamos que a taxa de câmbio real dará fôlego às exportações brasileiras e estimulará um processo de substituição das importações, beneficiando a indústria local.
Diante desse cenário, a estimativa da indústria brasileira de fundição é de crescimento da ordem de 15% em 2022, com base tanto na projeção dos seus clientes quanto da persistência do empresário brasileiro enquanto investidor, em um ambiente de negócios em que a política industrial deixa a desejar.
Afonso Gonzaga
Presidente da ABIFA