Países da zona do euro e o Japão ganham terreno nas exportações neste começo de ano, impulsionados pela desvalorização das suas moedas e desvalorização das suas moedas e levando certos analistas a apontar guerra de divisas.
Da Europa até a Austrália, o movimento de bancos centrais ajuda a baixar à cotação da moeda e dar fôlego a exportação em meio à demanda global anêmica. Mas para o banco Barclays, de Londres, no Brasil a desvalorização do real tende mais a diminuir as importações do que resultar em forte alta das exportações.
“Estamos numa guerra de moedas”, avalia Michel Every, do Banco Holandês Rabobank, mencionando ações feitas por bancos centrais, como intervenção ativa no câmbio, redução de taxa de juros, vinculação da moeda a outra com nível artificialmente baixo.
Para o analista holandês, nova demanda pode vir, sobretudo do estrangeiro, como foi o caso no passado. E política monetária ultraflexível (“quantitative easing”) é, sobretudo usada para derrubar o valor de uma moeda a fim de ganhar competitividade nas exportações e pesar nas importações, ou seja, “é a guerra de moedas”.
Em um ano, a taxa de câmbio efetiva real, que ajuda a ilustrar desenvolvimentos recentes no comércio internacional, mostra que o dólar dos Estados Unidos se valorizou 12% enquanto o euro declinou 5% e o iene, 6%.
O CPB, Escritório de Análise Econômica da Holanda, calcula que o comércio mundial cresceu 3,3% em volume em 2014, com avanço das vendas de países desenvolvidos e ligeiro recuo no ritmo de expansão dos negócios de emergentes.
As exportações da zona do euro cresceram 1,8% em 2014, ante 0,3% em 2013. No Japão, após a contração de 1,4% em 2013 as exportações cresceram 1,7% no ano passado. Já o ritmo de crescimento das vendas externas da America Latina em volume declinou de 5,2% para 1,9%no período.
Em termo de preços no comércio mundial, houve queda de 2% em 2014, ante 1%no ano anterior. Só o preço de petróleo caiu 25% no último trimestre do ano passado. A cotação de outras commodities primárias declinou 5,4% enquanto manufaturas tiveram alta insignificante, de 0,2%.
Na zona do euro, o superávit comercial continua a aumentar. O crescimento das exportações acelerou na Alemanha, França, Itália e Espanha.
“A experiência passada sugere que a recente desvalorização do euro deverá ajudar a mais crescimento das exportações nos próximos meses”. Conforme nota da consultoria Capital Economics.
A avaliação é de que exportadores europeus vão se beneficiar do forte crescimento em mercados chave, como Estados Unidos e Reino unido, enquanto a demanda doméstica continuará fraca.
Até agora, a constatação é de que a alta do dólar tem tido efeito modesto nas exportações dos EUA. O déficit comercial aumentou, por causa de mais importações, mais está num nível abaixo daquele de antes da crise global.
No Japão, o déficit comercial foi o menor em quase três anos. É resultado do custo menor de energia, com de aumento no volume das exportações.
fonte: Valor Econômico – Assis Moreira – 26 de fevereiro de 2015.