O Indicador Ipea de Consumo Aparente de Bens Industriais registrou crescimento de 3% em 2018.
Leonardo Mello de Carvalho, autor da análise e pesquisador do Grupo de Conjuntura do Ipea, explica que a demanda por bens industriais acompanhou a trajetória da produção interna da indústria.
O indicador calcula tudo o que foi produzido pela indústria no país, mas não foi exportado, e adiciona as importações. Portanto, o consumo aparente é medido pela produção líquida das exportações, adicionadas as importações. No exercício 2018, a produção líquida de exportações avançou 1,2%, enquanto as importações aumentaram 11%.
Na análise das grandes categorias econômicas, o destaque ficou por conta do crescimento de bens intermediários, que foi de 2,5% no ano. O avanço foi bem mais expressivo que o de 0,4% registrado pela Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, do IBGE, que considera apenas a produção interna, sugerindo uma maior contribuição das importações para a atividade industrial.
O ano de 2018 também foi marcado por um crescimento forte dos bens de capital (14,6%) e dos bens de consumo duráveis (7,9%).
Em relação ao consumo aparente setorial, as importações de plataformas de petróleo pelo Brasil em 2018 impulsionaram o forte crescimento (37,2%) do segmento “outros equipamentos de transporte, exceto veículo automotores”.
As categorias “veículos automotores” (15,8%) e “produtos farmoquímicos” (12,5%), por sua vez, também se destacaram no fechamento do ano.
Indicador Ipea de Investimentos
O Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) encerrou 2018 apontando crescimento de 4,2%. O indicador mostra a ampliação da capacidade produtiva futura da economia, por meio de investimentos.
Um dos componentes do indicador, o consumo aparente de máquinas e equipamentos, apresentou bom desempenho durante o ano. O crescimento da FBCF foi quase todo explicado por esse componente, que fechou o acumulado de 2018 em 14,6%.
No mesmo período, a construção civil recuou 0,3% e houve crescimento para “outros ativos fixos” de 2,6.
O indicador mostra ainda que há grande espaço de crescimento dos investimentos por meio da construção civil, que ficou praticamente estagnada em 2018. Esse resultado ocorreu por dois motivos principais: trata-se de um setor que precisa de mais tempo para se recuperar da recessão e, devido ao alto estoque acumulado, ele acabou não impulsionando uma retomada mais forte.
No entanto, nota-se que a construção civil tem apresentado indícios de melhora nos últimos meses. De acordo com Mello, uma retomada mais forte está associada à aceleração da demanda interna, assim como ao bom encaminhamento das concessões do governo envolvendo o setor de infraestrutura.