No decorrer de 2024, algumas tendências observadas nos últimos anos foram escancaradas: A primeira é a queda do volume exportado pela indústria brasileira de fundição, que chegou a (14,7%) no acumulado dos dez primeiros meses do ano. A segunda é: Os principais clientes da fundição, a exemplo da indústria automotiva, registram altas consecutivas de produção, batendo quase os dois dígitos percentuais no acumulado do ano, enquanto a produção de fundidos está estagnada em relação a 2023.
A conta fecha em um enorme déficit comercial, visto que atualmente o volume de fundidos importados é o equivalente a exatos 99,3% do produzido no país (data base: outubro de 2024). Um cenário que está levando ao encolhimento do setor, importante indústria de base, geradora de mais de 60 mil empregos diretos em todo o território nacional. Se parte dessas importações fossem internalizadas, podemos afirmar que a geração de emprego, tecnologia e inovação tornaria o setor mais forte e produtivo.
A ABIFA, enquanto entidade representativa da fundição no Brasil, respeita os acordos comerciais e compromissos do país com a OMC, considerando positiva a concorrência, desde que leal.
Precisamos de um ambiente favorável para que a produção local se torne mais competitiva, eficiente e inovadora. A redução do Custo Brasil, com incentivos fiscais, subsídios para P&D, programas de financiamento para inovação e investimento na infraestrutura de transporte e logística são estratégias que poderiam vir a reduzir as importações de peças fundidas, por tornarem as produções locais mais atrativas comercialmente. Políticas de compras públicas que priorizem a compra de produtos nacionais, além de políticas fiscais que incentivem a substituição de importações, são outras práticas vistas como um incentivo à nossa indústria.
O que não podemos tolerar é a concorrência desleal à qual a indústria brasileira de fundição está submetida hoje em dia, o que nos leva à defesa de tarifas antidumping, com a taxação sobre fundidos importados. Ou mesmo a implementação do chamado licenciamento não automático de importação, que imporia a necessidade de autorização governamental para a restrição de importações em setores considerados estratégicos ou quando há superoferta no mercado local.
A fundição é sim estratégica para o país e precisa ser preservada. Um país forte é um país arraigado em sua indústria, geradora de riquezas e trabalho. É o caso a Fundição.
Cacídio Girardi
Presidente da ABIFA – Associação Brasileira de Fundição