Na última terça-feira, dia 28 de outubro, a Comissão de Inovação e Tecnologia da ABIFA realizou sua reunião mensal, com a presença de 15 participantes. O encontro, coordenado por Luise Missner, diretora industrial da Acearia Frederico Missner, contou com a participação de João Cunha, especialista em análises térmicas da Heraeus Electro-Nite, que realizou uma apresentação sobre o tema “Análise térmica do ferro fundido e a fundição 4.0”.
Fundição 4.0: tecnologia aplicada ao controle de processo
No início de sua apresentação, João Cunha introduziu aos presentes a trajetória da Heraeus Electro-Nite, empresa que atua no desenvolvimento de equipamentos e soluções voltadas ao controle de processos de fundição. “Trabalhamos com diferentes tipos de ferro, tais como o compacto, nodular e lamelar, além de equipamentos de medição de temperatura e análise térmica”, destacou. Em sua fala, Cunha ressaltou a importância crescente da análise térmica como ferramenta de diagnóstico e otimização dos processos metalúrgicos, especialmente dentro do conceito de Fundição 4.0. “O que buscamos é compreender a correlação entre os diferentes patamares da análise térmica e como esses dados podem se traduzir em controle de qualidade, eficiência e previsibilidade”, afirmou.
Um dos focos da apresentação foi o uso de cápsulas de análise térmica para promover este tipo de diagnóstico. Tais cápsulas possuem compartimentos paralelos de mesmo volume, sendo que, em um deles, junto ao metal analisado, é também adicionado telúrio, um metaloide semicondutor, e no outro não. Deste modo, tais cápsulas permitem avaliar o comportamento do metal durante a solidificação em dois estados: o metaestável, obtido sem telúrio, e o estável, quando o elemento é adicionado. “A cápsula sem telúrio força o metal a solidificar sempre no mesmo estado, enquanto a cápsula com telúrio revela propriedades relacionadas à microestrutura e às características mecânicas do material”, explicou.
Esses dispositivos possuem duas câmaras de amostragem, termopares duplos e volume constante de material, o que garante resultados reprodutíveis e medições precisas. “Conseguimos medir até o final da solidificação em cerca de 80 segundos”, destacou Cunha, lembrando que o método pode ser aplicado em ferro cinzento, nodular, compacto e até em ligas de alumínio.
Controle comparativo e identificação de gargalos
O especialista explicou ainda que as duas câmaras da cápsula podem ser utilizadas simultaneamente, sendo uma com inoculante e outra sem. A partir das curvas de arrefecimento geradas, é possível comparar o comportamento do metal sob diferentes condições. “Quanto mais distantes estiverem as curvas, mais há o que fazer. Essa diferença indica oportunidades de melhoria no processo”, observou.
Segundo ele, a análise térmica possibilita identificar padrões e prever desvios antes que se transformem em falhas no produto final. “Uma das aplicações mais importantes dessa técnica é justamente compreender qual tipo de metal está sendo produzido e quais padrões se repetem nas curvas de solidificação”, afirmou.
Encerrando sua fala, João Cunha reforçou que a incorporação de tecnologias como a análise térmica e os sistemas digitais de controle de processo é fundamental para aumentar a competitividade das fundições brasileiras. “A fundição 4.0 é um caminho sem volta. As empresas que investirem em automação, coleta de dados e análise inteligente terão melhores condições de tomar decisões rápidas e assertivas”, concluiu.
As reuniões da Comissão de Inovação e Tecnologia são realizadas mensalmente de maneira remota (através da plataforma Zoom) e são restritas às Associadas ABIFA. As comunicações são sempre enviadas anteriormente pela ABIFA por e-mail e divulgadas em nossas redes sociais. Para participar, basta solicitar o link de acesso por e-mail para secretaria@abifa.org.br.

