Nesta quarta-feira, dia 19 de novembro, a Comissão de Inovação e Tecnologia da ABIFA realizou sua última reunião de 2025. Contando com a presença de 20 participantes, o encontro recebeu a apresentação de Joel Ribeiro, gestor de projetos no Instituto SENAI de Joinville. Joel realizou uma exposição sobre um projeto que se encontra atualmente em desenvolvimento no Instituto SENAI, cujo intuito é promover a utilização de impressões 3D para gerar componentes fundidos de alta complexidade.
Os institutos de pesquisa
Como introdução, Joel Ribeiro detalhou a estrutura, as frentes de pesquisa e alguns dos principais projetos em andamento no país viabilizados pelo SENAI. Criados em 2012, os institutos da entidade nasceram de uma articulação entre a indústria nacional e o Ministério da Indústria e Comércio, adotando um modelo operacional inspirado em instituições de referência mundial, como o MIT e a Fraunhofer, com foco na inovação aplicada e no desenvolvimento de tecnologias alinhadas às demandas da indústria brasileira. “Aqui, a gente faz desde plataforma de exploração de petróleo até satélites”, brincou. “Todo nosso modelo operacional hoje é uma cópia do que tanto o MIT quanto o Instituto Fraunhofer operacionalizam a nível de tecnologia em seus respectivos países”.
Atualmente, a rede é composta por 28 Institutos de Inovação e 59 Institutos de Tecnologia. Enquanto os primeiros possuem infraestrutura mais robusta e voltada a pesquisas de maior complexidade, os institutos de tecnologia atendem demandas regionais, considerando as especialidades e vocações tecnológicas de cada estado.
Processamento à laser
Joel explica que, em Joinville (SC), onde ele está alocado, se localiza o Instituto SENAI de Processamento a Laser, que abriga a segunda maior máquina e processamento a laser do Brasil. Entre suas atividades estão: a manufatura aditiva; o tratamento de superfícies; a soldagem e diversos tipos de tratamento térmico; além da integração com áreas relacionadas a sistemas de manufatura, robótica industrial, usinagem e mecatrônica.
É nesta unidade do SENAI que se localiza o LATECME (Laboratório de Tecnologia e Caracterização Mecânica), responsável por realizar serviços de caracterização de materiais; análises de falhas; e metrologia dimensional, atividades fundamentais para o desenvolvimento seguro de pesquisas com foco industrial.
Financiamento
Como as atividades dos institutos envolvem pesquisa e desenvolvimento, o SENAI trabalha com diversas fontes de fomento, entre elas o FINEP, o BNDES, a FAPESC, a EMBRAPII, o FUNDEP e o SEBRAE. Nesse sentido, Joel observa que, empresas que desejam desenvolver novos processos ou produtos também podem recorrer a essas linhas de financiamento para viabilizar projetos em parceria com os institutos. Hoje, algumas das principais companhias atendidas pelo SENAI incluem Whirlpool, Tigre, Tupy, Schulz, WEG, Bosch, Embraer e Stellantis.
Impressão 3D para moldes e machos
O grande destaques de sua apresentação voltou-se para o projeto de impressão 3D em areia, com foco na fabricação de ferramentas destinadas à produção de componentes fundidos de alta complexidade. Nas palavras de Joel, o objetivo deste projeto foi trazer a tecnologia para o Brasil, validando o processo em território nacional, nacionalizando a areia utilizada e disponibilizando essa capacidade para as empresas brasileiras, permitindo assim que avaliem sua viabilidade técnica e econômica. Após a conclusão, o equipamento e o conhecimento gerado passaram a estar disponíveis para uso das indústrias interessadas, que podem contratar serviços específicos de impressão, testes ou prototipagem.
Em sua explanação, Joel observa que a impressão 3D em areia oferece uma série de vantagens para as fundições, tais como: a possibilidade de fabricar peças com geometrias muito complexas, com paredes extremamente finas e componentes mais leves, além de reduzir o tempo de desenvolvimento, ao eliminar a necessidade de ferramentais.
A tecnologia também se destaca em produções de baixa tiragem e permite processos híbridos que combinam moldes e machos tradicionais com elementos impressos. Em suas palavras, trata-se de um processo que vem ganhando espaço em diversos países e despertando grande interesse entre as fundições brasileiras.
Joel também exemplificou tecnicamente o procedimento de impressão 3D: camadas de areia são sucessivamente depositadas, e recebem jatos de agente aglutinante, sendo posteriormente compactadas e recobertas até a formação final do molde. Entre as matérias-primas que podem ser utilizadas, constam a areia sílica (mais utilizada), areia cerâmica do tipo mulita, cromita e zircão, combinadas a ligantes furânicos (mais utilizado), fenólicos ou à base de silicato.
O resultado é um processo de fabricação capaz de produzir moldes e machos tridimensionais com liberdade total de design e alto nível de precisão, ampliando significativamente as possibilidades para o setor de fundição.
Próximas reuniões
A participação nas reuniões da Comissão de Inovação e Tecnologia são realizadas mensalmente de maneira remota (através da plataforma Zoom) e são restritas às Associadas ABIFA. As comunicações são sempre enviadas anteriormente pela ABIFA por e-mail e divulgadas em nossas redes sociais. Nesta quarta-feira, foi realizada a última reunião do ano. Mas, para participar a partir do ano que vem, basta solicitar o link de acesso por e-mail para secretaria@abifa.org.br.

