A invasão russa à Ucrânia, que levou à imposição de sanções econômicas ao país de Putin e à escalada de preços das commodities em todo o mundo, explicitou o que o fundidor brasileiro tem clamado há tempos: Precisamos urgentemente de uma Política Industrial que preserve o mercado interno.
Em março, vimos o ferro-gusa ser comercializado com reajuste de 60% entre as fundições. Entendemos a lei de mercado, a sedutora oferta internacional, elevando os preços praticados. Sentimos o reajuste no pão da padaria e não há como ser diferente no fundido.
Sem uma Política Industrial que nos preserve, o repasse de custos é inevitável e até vital para sobrevivência dos negócios. A fundição não trabalha com estoques, mas temos contratos que antecedem ao conflito Rússia X Ucrânia, que não poderiam prever os preços dos insumos hoje praticados, e que precisam sim ser revistos com diplomacia.
Outro espólio do atual conflito em solo europeu é que o Brasil volta a ser visto como um “país confiável para se investir”. Com a exemplar campanha de vacinação no país e a resiliência de nosso empresário, logo retomamos as rédeas da economia, ainda em 2020, quando o PIB brasileiro sofreu um baque de -4,1%. Foi muito pior em países como Alemanha (-4,9%), Itália (-8,9%) e Reino Unido (-9,9%).
No entanto, para que de fato a indústria brasileira alavanque, insistimos na aprovação de uma Reforma Tributária que desburocratize os negócios. A redução de 25% do IPI foi muito bem recebida entre os empresários do setor de fundição, assim como a redução de 25% para 8% do AFRMM – Adicional de Frete para a Renovação da Marinha Mercante. Mas precisamos de mais. A indústria brasileira precisa de mais.
Precisamos de uma Política Industrial digna de um setor que contribui em 22,2% no PIB do país.
Afonso Gonzaga
Presidente