A guerra entre Rússia e Ucrânia tem feito estragos mesmo longe das frentes de batalha. Com os embargos políticos e econômicos impostos à Rússia, os preços das commodities dispararam, ameaçando colapsar a indústria tal a qual a conhecemos no pré-guerra. No caso da indústria de fundição brasileira, o alerta vai para os aumentos exponenciais do ferro-gusa, principal matéria-prima das fundições de ferro. Segundo informações divulgadas pela ABIFA – Associação Brasileira de Fundição, em março as suas Associadas já foram notificadas do aumento de 60% dos preços do ferrogusa. Este percentual vem a se somar aos 41,6% de aumentos já praticados em janeiro e fevereiro, de acordo com índice oficial fornecido pela entidade. Entendemos a dinâmica comercial. Com a escassez de fornecimento por parte da Rússia, grande fornecedor de ferro-gusa ao mercado europeu e norte-americano, um gap se abriu para fabricantes do mundo todo. É a lei da oferta e procura, mas é preciso olhar para o futuro e proteger a nossa economia. Somente a fundição emprega 61.750 colaboradores (base janeiro 2022). Trata-se de uma indústria de base. Se entrar em colapso, toda uma cadeia depois dela será atingida. Não há indústria que não consuma peças fundidas. E é justamente para evitar essa reação em cadeia que a ABIFA alerta os seus clientes da necessidade de repasse destes custos industriais. Nas palavras de Afonso Gonzaga, presidente da ABIFA, “Reajustar contratos é um processo longo, mas não temos tempo. A fundição não trabalha com estoques. E não havia como prever estes aumentos de custo há seis meses. A única saída é o diálogo entre fornecedores e clientes”.
Fundições em alerta para aumento dos preços do ferro-gusa, que bate os 60% em março