No último mês, a temática desindustrialização brasileira voltou à tona. Para a CNI, o crescimento do PIB – Produto Interno Bruto brasileiro deve ser +1,4% este ano, no comparativo com 2021, mas o IBGE alerta que a participação da indústria no PIB encolheu (33%) desde 2010, comprometendo cerca de 800 mil postos de trabalho.
No caso da fundição, o “novo” crescimento estimado pela ABIFA é de +14% no atual exercício. O setor atua em várias frentes, tendo aprendido, a duras penas, que a diversificação dos nichos de mercado é a melhor estratégia em ambientes de crise. Este ano, o agronegócio segue o nosso principal “aliado”.
No entanto, quando falamos em “novo crescimento”, nos referimos a uma previsão anterior, cujo percentual era de +20% em janeiro de 2022. O que aconteceu neste primeiro semestre?
Na realidade, pouco mudou. As fundições continuam com as suas linhas de produção lotadas, contratando cada vez mais colaboradores (em junho, o quadro do setor somava mais de 62.100 pessoas), e investindo, para atender à crescente demanda.
Entretanto, assim como os demais setores industriais, estamos inseridos em um ambiente inóspito ao desenvolvimento, nos apoiando na resiliência dos nossos empresários para mantermos a indústria brasileira de fundição no cenário mundial.
Faltam à Indústria políticas de financiamento proativas ao desenvolvimento industrial, além de investimentos em infraestrutura.
Isso, sem mencionar o fantasma do Custo Brasil: Pagamos caro pela energia, pelo transporte/frete, pelos serviços de Telecomunicação. E temos uma tributação extremamente complexa e burocrática, distribuída por toda a cadeia, de modo que impostos são repassados de um elo a outro, tornando a produção industrial cara no país.
Na maioria dos países, competidores diretos do Brasil, o imposto é pago sobre o que efetivamente a empresa produz. Os impostos não são replicados em toda a cadeia produtiva, de modo que os preços ficam mais competitivos.
Portanto, respondendo à pergunta lá do início: “O que aconteceu neste primeiro semestre”, que nos fez mudar a previsão de crescimento do setor? A resposta é simples: Apostamos, pedimos, mas continuamos sem uma Política Industrial digna de um país com as riquezas e potencial do Brasil. Sem Ela, cresceremos, mas temos capacidade para muito mais!
Cacídio Girardi
Presidente da ABIFA