Após cinco anos consecutivos de queda na receita do setor de máquinas e equipamentos, que o levou a encolher 47% no período, o segmento encerrou 2018 com crescimento de 7% em relação a 2017. A informação é da ABIMAQ – Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos, segundo a qual o crescimento observado nas vendas se deu predominantemente no mercado externo. No doméstico, houve relativa estabilidade (+0,3%).
Para 2019, a entidade prevê a manutenção do crescimento da receita total do setor, mas em taxas um pouco abaixo das observadas em 2018, e puxadas predominantemente pelo mercado doméstico.
Exportações
Em 2018, a indústria de máquinas e equipamentos registrou fortes oscilações em suas exportações, que encerraram o ano com crescimento de 7,1% em relação ao ano anterior.
Já em 2017, visando a fazer frente ao encolhimento do mercado doméstico, o setor ampliou as suas exportações em quase 17%. Com isso, elas passaram a representar 44% do total das suas receitas.
Em 2018, a participação das exportações ganhou ainda mais importância, chegando a representar 47% das vendas.
O bom desempenho das vendas externas foi observado em quase todos os setores fabricantes de máquinas e equipamentos, com destaque para o aumento das vendas realizas pelos setores de óleo e gás (+43%), bens de capital (+12%) e construção civil (+7,8%).
As máquinas e equipamentos brasileiros foram embarcados principalmente para os Estados Unidos (24,6%), Europa (21,4%) e países da América Latina (37,2%).
Aqui, vale mencionar que as exportações para a América Latina e Mercosul registraram queda de 8,6% e 18,2% em relação a 2017, respectivamente, influenciadas principalmente pela redução das compras realizadas pela Argentina.
Importações
Segundo a ABIMAQ, o recuo dos investimentos observado nos últimos anos não se deu apenas pela redução das compras de bens nacionais. As importações também encolheram fortemente desde 2014 e, mesmo tendo crescido 14,6% em 2018, representam hoje quase metade do resultado observado em 2013 (US$ 28,8 bi).
No entanto, há de se afirmar que o bom desempenho das importações no ano passado reflete a recuperação mais intensa do setor de bens de consumo e também a mudança nas regras do Repetro.
Em 2018, as importações de máquinas e equipamentos aumentaram 14,6% sobre o exercício anterior.
No caso, o destaque ficou por conta do aumento das importações de componentes tanto para reposição como para o próprio setor, cuja produção de fato melhorou. Outra parte importante refere-se aos itens que já estavam em operação no setor de óleo e gás, mas que entraram oficialmente nas estatísticas, em função da mudança das regras do Repetro.
Pelo segundo ano consecutivo, a China foi a principal origem das importações de máquinas e equipamentos por parte do Brasil, tanto em valores como em quantidade.
Em 2018, as máquinas de origem chinesa representaram 18,7% do total das importações realizadas – um aumento de 9,3% em dez anos.
Os Estados Unidos, que já foram a principal origem das importações brasileiras, com 22% de participação, encerraram 2018 na segunda colocação, com 17% do total.
A Alemanha, que ocupava a segunda colocação até 2011, manteve-se na terceira colocação pelo 7º ano consecutivo, com 15,5% do total de máquinas importadas pelo Brasil em 2018.
Consumo aparente
Os investimentos produtivos, medidos pelo consumo aparente de máquinas e equipamentos (produção – exportação + importação), após quedas consecutivas nos últimos quatro anos, registraram crescimento de 13,4% em 2018.
Trata-se de um bom indicativo de que as expectativas são de aumento mais intenso do consumo.
Para a ABIMAQ, “a elevada ociosidade (25%) e o ritmo mais fraco da economia tendem a favorecer a continuidade da política monetária expansionista. Além disso, outros fatores de otimismo são: sinalizações do governo em seguir uma agenda reformista, nova rodada de concessões de infraestrutura e privatizações”.
Investimentos
O NUCI – Nível de Utilização da Capacidade Instalada do setor de máquinas e equipamentos manteve uma tendência de recuperação durante 2018, mas ainda está em patamar bastante baixo (75%), o que significa que ainda há espaço para a expansão das atividades com a atual estrutura produtiva, a exemplo do que ocorre nos demais setores da indústria de transformação.
Em 2018, os fabricantes de máquinas e equipamentos investiram R$ 2,12 bi, volume que deve aumentar 30,1% no exercício em curso.
No ano passado, os aportes foram feitos principalmente visando à modernização tecnológica (37,2%), reposição de máquinas depreciadas (29,1%), ampliação da capacidade industrial (22,6%) e outros (11,1%).
Para 2019, a previsão é que esta ordem se mantenha, com investimentos a serem feitos com vistas à modernização tecnológica (35,5%), reposição de máquinas (30,5%) e ampliação da capacidade industrial (24%).