Em maio, a produção de autoveículos teve o melhor resultado desde agosto de 2022, com 227,9 mil unidades. A alta foi +27,4% superior a abril e +10,7% sobre maio de 2022.
Para a ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, alguns fatores foram responsáveis por este desempenho positivo do setor:
- Retorno das fábricas, que pararam, em parte, no mês anterior (abril)
- Maior número de dias úteis
- Expectativas geradas pelo anúncio de medidas para reaquecer o mercado, com descontos para modelos de até R$ 120 mil
Emplacamentos
De acordo com a entidade, muitas montadoras ampliaram seus estoques à espera de uma forte demanda pós anúncios do governo federal em prol do setor.
Por outro lado, a espera pela MP do Setor Automotivo gerou um adiamento de compra por parte de muitos consumidores.
O resultado foi uma desaceleração do ritmo de vendas, mesmo após uma primeira quinzena (de maio) muito positiva.
As 176,5 mil unidades emplacadas no mês representaram crescimento de +9,8% sobre abril e recuo de (5,6%) sobre maio de 2022.
Como maio teve quatro dias úteis a mais que abril, a média diária de vendas caiu (10,1%) em relação ao mês anterior; de 8.929 para 8.025 unidades/dia.
Estoques elevados
Esses movimentos da produção e do mercado interno geraram, pela primeira vez em três anos, um nível de estoque que só se verificava antes da pandemia, com mais de 250 mil unidades nos pátios das fábricas e das concessionárias.
Esse volume, por sua vez, tende a ser escoado com rapidez, tendo em vista os descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil oferecidos pelo governo federal por meio da MP do Setor Automotivo, além de eventuais reduções oferecidas pelas montadoras e suas redes.
Exportações
No quesito comércio exterior, que pouco se relaciona com as questões do mercado interno brasileiro, houve crescimento nos embarques em maio.
As 44,3 mil unidades exportadas significaram o segundo melhor mês do ano, com uma elevação de +30,4% sobre abril.
No acumulado do ano, as exportações estão 4,2% abaixo de 2022, na contramão do desempenho acumulado de produção e vendas, que cresceram até maio +6,2% e +9,3%, respectivamente.
Sobre a MP do Setor Automotivo
Anunciado em 25 de maio, o Plano do governo federal contempla veículos até R$ 120 mil. Na opinião de Márcio de Lima Leite, presidente da ANFAVEA, Ele tem potencial para gerar um aumento de vendas da ordem de 200 mil a 300 mil unidades este ano, além de trazer uma série de ganhos para a sociedade em termos de acesso do consumidor a carros 0 km e vantagens ambientais, uma vez que privilegia veículos de menor preço, descontos para modelos de baixa emissão de CO2 e melhor eficiência energética. Com isso, a renovação da frota circulante deverá ser favorecida.
O consumidor de veículos terá descontos que poderão variar de 1,5% a 10,96%. Veículos acima de R$ 120 mil não estão contemplados pela MP.
Nas palavras de Leite, “não haverá perdas tecnológicas e de segurança veicular nos carros. São os mesmos modelos de hoje no mercado, com preços reduzidos por conta da menor incidência de IPI e PIS/COFINS. Os descontos serão maiores aos modelos mais acessíveis, de maior índice de nacionalização, maior eficiência energética e mais ambientalmente corretos”.
Pelas estimativas da ANFAVEA, cerca de 100 mil a 110 mil automóveis e comerciais leves deverão usufruir dos descontos de R$ 2 mil a R$ 8 mil, antes do esgotamento do teto de R$ 500 milhões em créditos tributários disponibilizados pelo Ministério da Fazenda. Isso deverá ocorrer em pouco mais de um mês, ou seja, bem antes dos quatro meses de prazo estipulado pela MP 1175.
Para caminhões e ônibus, espera-se um prazo mais largo para o teto de R$ 1 bilhão, até porque são veículos de maior valor, e com venda atrelada à retirada das ruas e reciclagem de veículos pesados com mais de 20 anos de uso, para desconto de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil, dependendo do produto.