De acordo com a ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, o setor encerrou 2022 com números positivos de produção e exportações, além de estabilidade nas vendas.
“Depois de um primeiro quadrimestre muito difícil, em função da falta de semicondutores, o setor acelerou o ritmo e conseguiu atender a parte da demanda reprimida nos mercados interno e externos”, segundo Márcio de Lima Leite, presidente da entidade.
Produção
Em 2022, foram produzidos 2,37 milhões de autoveículos; alta de +5,4% sobre 2021. O resultado foi +4% superior ao previsto pela ANFAVEA.
De acordo com ela, contribuiu para isso a redução nas paralisações de fábricas no segundo semestre, com a melhora parcial no fluxo de componentes eletrônicos.
Para 2023, a expectativa é de um aumento de +2,2% na produção de autoveículos, com 2,42 milhões de unidades.
Espera-se alta de +4,2% para automóveis e comerciais leves, e queda de (20,4%) para caminhões e ônibus.
Segundo a ANFAVEA, “o segmento de pesados será impactado pela mudança da regra de emissões para o Proconve P8, que deve provocar um inevitável reajuste de preços”.
Mercado interno
O volume de unidades licenciadas chegou a 2,104 milhões em 2022, (0,7%) abaixo do acumulado de 2021, confirmando o quadro de estabilidade previsto pela Associação desde a metade do ano.
Automóveis e ônibus tiveram melhor desempenho que no ano anterior, mas a queda de caminhões e comerciais leves puxou para baixo o resultado geral.
Para 2023, a entidade projeta vendas de 2,17 milhões de autoveículos; uma alta de +3% sobre 2022.
Mais uma vez, os leves deverão puxar o número, com elevação estimada em +4,1%, ante queda de (11,1%) dos veículos pesados.
Exportações
Este foi o indicador mais positivo da indústria automotiva brasileira em 2022.
A ANFAVEA já projetava uma alta de +22%, mas os 480,9 mil autoveículos exportados no ano representaram um crescimento de +27,8% sobre 2021, “o que não deixa de ser surpreendente, dadas as restrições de comércio exterior impostas pela Argentina em crise, nosso maior parceiro comercial”, segundo a entidade.
Em contrapartida, o sensível crescimento dos embarques para todos os outros mercados latino-americanos, em especial México, Colômbia e Chile, permitiram o bom resultado em 2022.
Em valores, as exportações tiveram alta ainda maior, de +37,6%, por conta do envio mais significativo de veículos com maior valor agregado, como SUVs, caminhões e ônibus.
Para 2023, a expectativa é de ligeira queda de (2,9%), ainda puxada pela Argentina. A ANFAVEA estima a exportação total de 467 mil unidades no atual exercício.
Previsões
Márcio de Lima Leite, presidente da ANFAVEA, destaca que o Brasil tem uma série de lições de casa a serem feitas para que o mercado deixe de andar de lado, como nos últimos anos. “A questão do crédito é o tema mais urgente a ser atacado. Precisamos de juros mais baixos para atrair mais compradores para os veículos novos, sobretudo os modelos de entrada. Além disso, temas como a reindustrialização e a descarbonização nos impõem desafios e oportunidades. Vamos continuar mantendo o diálogo com os novos governantes em nível federal e estadual, além dos parlamentares, de forma a contribuir para o fortalecimento da nossa indústria ante uma conjuntura global cada vez mais competitiva”.