A questão do impacto da robótica no mercado de trabalho é complexa e tem gerado muita discussão nos últimos anos. De um lado, os avanços tecnológicos têm levado à automação de diversas tarefas antes executadas por seres humanos, o que pode levar a uma redução na demanda por trabalho em algumas áreas, mas também aumenta sobremaneira a produtividade das fundições e, por conseguinte, a sua competitividade. É uma via sem volta!
Por outro lado, a automação também cria oportunidades de trabalho em áreas relacionadas à manutenção, programação e operação de robôs e sistemas automatizados, de modo que voltamos ao ponto que tanto temos discutido: É fundamental investir na qualificação da mão de obra para evitar o desemprego em massa, tendo em vista que muitas tarefas serão inevitavelmente substituídas. Na verdade, já estão sendo.
Na fundição, atividades como a modelação, moldagem, macharia, rebarbação e movimentação de materiais estão sendo rapidamente automatizadas. Em fevereiro, a produtividade do setor estava em 43,0 t/h.a.
Assim, é urgente a criação de políticas públicas e iniciativas privadas para a garantia da segurança financeira e capacitação dos profissionais afetados pelas mudanças tecnológicas no mercado de trabalho.
Outra questão que deve ser discutida é o impacto dos carros elétricos na cadeia produtiva da fundição. Hoje os veículos contam com mais de 2 mil partes móveis. Nos 100% elétricos, esse número cai para 18!
No Brasil, dependendo do cenário, veículos leves eletrificados deverão responder por 12% a 22% do mix de vendas em 2030, e de 32% a 62% em 2035. Os motores a combustão continuarão sendo maioria nos próximos 15 anos, mas é preciso antever o cenário que inevitavelmente se concretizará.
Pensando nisso, em abril a ABIFA e Rhodia Solvay promoveram um encontro na entidade, que abordou justamente as tendências do mercado destes veículos em nível mundial e os impactos que terão na cadeia de fundição, cuja produção é 44,3% direcionada à indústria automotiva. Os highlights das palestras ministradas estão na página *.
O mundo está em constante mudança. Nas últimas décadas, em ritmo bastante acelerado. E a fundição precisa acompanhar.
Cacídio Girardi, Presidente da ABIFA