Nem mesmo o aumento das exportações, que foram favorecidas pela alta do dólar frente ao real, provocou pelo menos perspectivas positivas para a indústria de fundição de Minas Gerais. O cenário continua ruim, com redução de jornada de trabalho nas empresas para tentar manter os quadros de funcionários.
“Continuamos em dificuldades e sem enxergar uma luz no fim do túnel. Estamos mais fortes nas exportações e isso já trouxe algum resultado. uma janela, mas não é nada significativo para a situação que estamos”, ponderou o presidente do Sindicato da Indústria da Fundição no Estado de Minas Gerais (Sifumg), Afonso Gonzaga.
Segundo ele, o setor está mantendo a produção deste ano no mesmo nível da do exercício passado e deve fechar 2015 com um volume em torno de 700 mil toneladas de fundidos produzidos. Mesmo assim, isso representa praticamente a metade da capacidade do setor, o que indica um alto nível de ociosidade de aproximadamente 50%.
E não é só isso. A produção do setor está em níveis equiparáveis com a da crise econômica de 2008/2009. No ano passado, a produção mineira de fundidos atingiu 697 mil toneladas, volume 40% abaixo de 2013 e equivalente ao de 2009, quando o setor atingiu o pior nível dos últimos 20 anos em decorrência da crise econômica que começou em setembro do exercício anterior.
Além disso, depois de demitir cerca de 5 mil trabalhadores do ano passado até a metade de 2015, Gonzaga explicou que as indústrias de fundição vêm reduzindo a jornada de trabalho para não ter que “mandar mais funcionários embora”. Mesmo assim, algumas empresas já encerraram as atividades e ainda há risco de mais empresas fecharem as portas. “Estamos numa encruzilhada, sem perspectivas e manter o pessoal na fábrica também é oneroso”, destacou.
Conforme Gonzaga, as fundições mineiras têm tentado manter o quadro de funcionários porque, além dos encargos trabalhistas, o custo para recontratar e capacitar trabalhadores em caso de uma recuperação da atividade e da própria economia é muito alto por se tratar de pessoas com elevado nível de qualificação.
No começo do ano, inclusive, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) chegou a entregar um documento com uma série de reivindicações do setor e do parque industrial mineiro como um todo ao ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro. Entre outros assuntos, a indústria de fundição pedia o aumento da fiscalização na entrada de produtos fundidos importados no País e a desburocratização das exportações.
Montadoras – “O procedimento de exportações é muito complexo e isso representa uma dificuldade”, disse. Até o momento, o ministro não se posicionou sobre as pautas do parque de fundição. O presidente do Sifumg explicou ainda que um dos fatores que levaram o setor a chegar a este ponto e que agrava as perspectivas pessimistas é o momento difícil que passa a indústria automotiva do País, que responde por cerca de 70% do consumo de fundidos no Brasil e em Minas.
Desde o ano passado, frente às sucessivas quedas de vendas e com nível de estoques elevados nos pátios, as montadoras instaladas no Estado anunciaram férias coletivas, lay-off (suspensão de contratos de trabalho) e demissões voluntárias, o que impactou diretamente na redução da produção do exercício. Esses tipos de movimentos continuaram este exercício.
Fonte: DCI
Seção: Metalurgia & Distribuição
Publicação: 07/10/2015