Page 44 - Revista Fundição & Matérias-Primas
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ENTREVISTA







           Fagor Ederlan Brasileira: A história da empresa familiar,

          que se torna multinacional player do mercado de fundição






                  origem da empresa, espe- Na  época,  Nicolau Cesarino, idea- dos principais polos industriais do
                  cializada na produção de  lizador dessa  mudança, torna-se  Estado de Minas Gerais.
          A peças de segurança em  o único proprietário  da fundição,          Os anos se passaram e em 2001 a
         ferro fundido nodular, data de  enfrentando  as  dificuldades  locais   empresa dá outro importante pas-
         muito antes da empresa ser conhe-  com a falta de mão de obra, comu-  so, associando-se  ao grupo basco
         cida dessa forma.                  nicação e serviços, já que a sua in-  Fagor Ederlan S. Coop.
                                            dústria foi pioneira em uma cidade
         Para retratá-la, voltamos a 1951,   que  vivia basicamente  da agricul-  Para nos contar essa longa trajetó-
         quando é fundada a Carlos Paolini   tura familiar, mas que  com muita   ria de  empresa familiar para uma
         & Cia. Ltda, que em 1971 se une    determinação e tenacidade de seus  grande multinacional, convidamos
         à Ercamo Ltda, dando origem à      sucessores, os filhos Sidney e Silvio  Heitor Mikio Tomiyasu, diretor de
         Fundição Brasileira Ltda. Inicial-  Cesarino e os genros José Raya e  compras/logística da empresa, que
         mente estabelecida em São Paulo,  Antonio Carlos, venceram os obs-    há quase 40 anos é um dos prota-
         em 1973 a empresa é transferida  táculos e ajudaram a transformar a  gonistas desta  história de  sucesso
         para Extrema (MG).                 economia da região, que hoje é um  da indústria brasileira de fundição.


         O senhor está na empresa desde a época da Fundição Brasileira. Nestes quase 40 anos, a economia e indústria
         do país sofreram inúmeros revezes.
         Tomiyasu: Foram realmente muitas crises e Planos Econômicos (Cruzado I e II, Bresser, Verão, Collor e Real).
         Mas contrariando o curso imaginado, a empresa sempre cresceu nos momentos em que o mercado se apresen-
         tava inseguro e com baixos investimentos. Crescer nas crises e aproveitar as oportunidades que surgiam a cada
         revés de queda no mercado se tornou uma constante para aquela equipe de administradores, que quintuplicou
         a capacidade instalada da fundição entre 1986 e 1994.

         Como se deu a compra da Fundição Brasileira pela Fagor Ederlan?
         Tomiyasu: Após sucessivos anos de crescimento acima de dois dígitos, chegou-se à conclusão de que a melhor
         estratégia para continuarmos competitivos em tecnologia e inovação seria nos associar a um grupo internacio-
         nal de porte. Simultaneamente, o grupo de origem basca Fagor Ederlan S. Coop, um dos principais fabricantes
         europeus de peças para o segmento automotivo, iniciava um projeto de internacionalização dos seus negócios
         e, por exigência de um de seus clientes, priorizou-se o Brasil. Em 2001, essa convergência de interesses resultou
         na formação da Fagor Fundição Brasileira S/A, com 51% de participação europeia, e criação da Fagor Ederlan
         do Brasil (usinadora). Em 2003, há a fusão de ambas na Fagor Ederlan Brasileira, com atuação focada em peças
         de ferro fundido nodular para o segmento automotivo, em especial mangas de eixo usinadas.


         Como foi a transição de uma empresa familiar brasileira para uma multinacional?
         Tomiyasu: Em nenhum momento houve qualquer dificuldade na adaptação cultural, profissional ou pessoal
         entre a equipe que estava na Fundição Brasileira e os expatriados da Fagor Ederlan, principalmente pelo estilo


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