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ENTREVISTA







                                       MIC S/A chega aos 50 anos,

                              comprovando os valores agregados ao

                              capital humano e reinvenção constante




                     m 2019, a fundição MIC com- tor-presidente,  entendemos como  Em  suas  palavras,  “não  há  má-
                     pletou 50 anos de atuação no  uma empresa familiar  sobreviveu  gica, mas muito trabalho, ética e
             Emercado de ferro fundido  a tantas adversidades impostas ao  respeito ao mercado consumidor
              cinzento, nodular e aço. Nesta con- empresário brasileiro nas  últimas  e ao principal capital da empresa:
              versa com Kirkior Mikaelian,  dire- décadas.                         o humano”.


              A MIC S.A está no mercado há 50 anos. Como foi a sua trajetória?
              Kirkior: No início da minha carreira profissional, trabalhei no departamento de fundição da Mafersa, onde
              eram fabricados mancais de bronze para trucks de vagões de carga. Foi quando fui “picado pelo bichinho da
              fundição”; eu queria ter a minha. Com poucos funcionários, a MIC foi fundada em 1969. Fazíamos justamen-
              te esses mancais de bronze para a Mafersa. Percebi, então, a dificuldade que o mercado ferroviário tinha em
              encontrar fornecedores de pequenas peças fundidas, que até hoje fornecemos. Em 1975, compramos a área
              em que estamos, com 42.100 m², e construímos a primeira planta da MIC, com 3.100 m² de área construída.
              Atualmente, temos 8.400 m² nessa planta. Entre 2008/2009, construímos uma nova planta, com 1.600 m², mais
              voltada à usinagem, para atender principalmente à indústria automotiva. Costumo dizer que a crise e o proble-
              ma trazem chances de criarmos novas oportunidades. Atualmente, a MIC possui 110 funcionários. Já tivemos
              230, mas as sucessivas crises nos fizeram encolher.



              Falando em crises, foram muitas nestes 50 anos...
              Kirkior: Sem dúvida. Mas o pior momento da MIC aconteceu em março de 1989, quando um temporal derrubou
              o telhado de uma área de aproximadamente 1.200 m²; o equivalente à metade da fábrica na época. Não houve ví-
              timas, felizmente, mas trabalhamos precariamente por meses. Quando um ano depois conseguimos nos recuperar,
              veio o plano Collor. Nem preciso me estender com relação à nossa situação, pois era geral, o país parou.


              Qual o “segredo” para uma empresa familiar sobreviver a tantas adversidades?
              Kirkior: Várias estratégias nos ajudaram a superar tantas crises, como usar recursos próprios, contingencia-
              mento de despesas administrativas, redução dos custos em várias frentes, demissões, incentivo à qualificação,
              redução dos preços e da margem e retração de investimentos não essenciais. Não podemos deixar de citar a
              confiança dos nossos clientes, que sempre acreditaram em nós e nos apoiaram, e também de alguns fornecedo-
              res, que são parceiros de muitos anos.


              Qual o perfil do mercado consumidor da empresa?

              Kirkior: A MIC atende principalmente os setores ferroviário (51%) e automotivo (26,3%). Equipamentos e

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