Page 29 - Revista Fundição & Matérias-Primas
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ENTREVISTA
outros demandam 22,7% da nossa
produção. Já exportamos para os
Estados Unidos e América Latina,
mas com a variação cambial e con-
correntes asiáticos, estes embar-
ques deixaram de ser atraentes.
As agendas inovação e tecnologia
estão na pauta da MIC?
Kirkior: Sempre. A competitividade
em âmbito internacional faz com
que tenhamos que investir cada vez
mais em inovação e tecnologia, além
de mexer nas estruturas internas. A
MIC nunca deixou de investir em
novos processos, seja de produção
ou equipamentos. Logicamente, fa-
zemos isso na velocidade que o mer- Kirkior Mikaelian, diretor-presidente da fundição MIC
cado e a economia nos permitem.
A MIC também se destaca no investimento ao “capital humano”.
Kirkior: Sempre incentivamos a educação, com bolsas em educação técnica e faculdades, cursos etc. Temos co-
laboradores que começaram aqui como estagiários do Senai e hoje ocupam cargos de gerência e diretoria. Não
posso deixar de citar que quando do processo de implantação da ISO, muitos dos nossos funcionários eram
analfabetos ou semianalfabetos. Como implantar instruções e procedimentos com esse “entrave”? Ao invés de
demiti-los, como muitas empresas fizeram, montamos uma escola dentro da MIC. Contatamos a Secretaria da
Educação de Barueri, solicitando apoio para o reconhecimento da grade escolar deles e indicação de professo-
res, por nós remunerados. Formamos mais de 30 funcionários, até o equivalente à 4ª série, com exames na rede
escolar, para oficializar a graduação. Incentivamos para que frequentassem as escolas da cidade, para terminar
o fundamental. Muitos seguiram em frente e se formaram no ensino médio também.
O Brasil é o país das demandas reprimidas. Quais as principais delas para a MIC?
Kirkior: Grande parte do nosso market share está diretamente ligado à indústria e transporte ferroviário de carga,
de modo que um dos nossos maiores problemas é a falta de incentivo nesse modal. O Brasil precisa urgentemente
crescer no transporte de carga via ferrovias, com aumento da extensão da rede, subsídios governamentais e, princi-
palmente, acabar com o protecionismo no modal rodoviário. Segundo o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada, precisaríamos de pelo menos 10 mil km a mais de ferrovias para atender à demanda reprimida no país.
Caso isso acontecesse, até mesmo o produto final chegaria a um preço mais competitivo no mercado. g
*As opiniões expressas pelos entrevistados não são necessariamente as adotadas pela ABIFA e pela revista Fundição & Matérias-Primas, que
podem inclusive ser contrárias a estas.
FMP, NOVEMBRO 2019 29