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ENTREVISTA







              outros demandam 22,7% da nossa
              produção.  Já  exportamos  para  os
              Estados Unidos e América Latina,
              mas com a variação cambial e con-
              correntes  asiáticos,  estes embar-
              ques deixaram de ser atraentes.

              As agendas inovação e tecnologia
              estão na pauta da MIC?

              Kirkior: Sempre. A competitividade
              em âmbito internacional faz com
              que tenhamos que investir cada vez
              mais em inovação e tecnologia, além
              de mexer nas estruturas internas. A
              MIC  nunca  deixou  de  investir  em
              novos processos, seja de produção
              ou equipamentos. Logicamente, fa-
              zemos isso na velocidade que o mer-  Kirkior Mikaelian, diretor-presidente da fundição MIC
              cado e a economia nos permitem.


              A MIC também se destaca no investimento ao “capital humano”.

              Kirkior: Sempre incentivamos a educação, com bolsas em educação técnica e faculdades, cursos etc. Temos co-
              laboradores que começaram aqui como estagiários do Senai e hoje ocupam cargos de gerência e diretoria. Não
              posso deixar de citar que quando do processo de implantação da ISO, muitos dos nossos funcionários eram
              analfabetos ou semianalfabetos. Como implantar instruções e procedimentos com esse “entrave”? Ao invés de
              demiti-los, como muitas empresas fizeram, montamos uma escola dentro da MIC. Contatamos a Secretaria da
              Educação de Barueri, solicitando apoio para o reconhecimento da grade escolar deles e indicação de professo-
              res, por nós remunerados. Formamos mais de 30 funcionários, até o equivalente à 4ª série, com exames na rede
              escolar, para oficializar a graduação. Incentivamos para que frequentassem as escolas da cidade, para terminar
              o fundamental. Muitos seguiram em frente e se formaram no ensino médio também.


              O Brasil é o país das demandas reprimidas. Quais as principais delas para a MIC?

              Kirkior: Grande parte do nosso market share está diretamente ligado à indústria e transporte ferroviário de carga,
              de modo que um dos nossos maiores problemas é a falta de incentivo nesse modal. O Brasil precisa urgentemente
              crescer no transporte de carga via ferrovias, com aumento da extensão da rede, subsídios governamentais e, princi-
              palmente, acabar com o protecionismo no modal rodoviário. Segundo o IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica
              Aplicada, precisaríamos de pelo menos 10 mil km a mais de ferrovias para atender à demanda reprimida no país.

              Caso isso acontecesse, até mesmo o produto final chegaria a um preço mais competitivo no mercado. g

              *As opiniões expressas pelos entrevistados não são necessariamente as adotadas pela ABIFA e pela revista Fundição & Matérias-Primas, que
              podem inclusive ser contrárias a estas.


                                                                                          FMP, NOVEMBRO 2019      29
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