Page 20 - Revista Fundição & Matérias-Primas
P. 20
ENTREVISTA
ABIFA faz balanço da recuperação do setor
de fundição e de sua atuação no pós-crise
indústria de fundição tem apresentado crescimen-
to gradual desde meados de 2017, o que se reflete
A positivamente nos associados e também nas ações da
ABIFA. Para falar a respeito desta retomada e da atuação da enti-
dade em benefício do setor de fundição, que completa 50 anos em
2019, a revista FMP conversou com Afonso Gonzaga, presidente
da Associação.
A indústria de fundição está se recuperando de uma grave
crise, que a fez dar marcha à ré de 13 anos em 2016. Como a
ABIFA analisa essa lenta retomada do setor?
Gonzaga: A economia é cíclica. Já passamos por outras crises
no passado, porém mais curtas e menos sofridas. Esta foi a
mais longa crise dos últimos anos e os seus resultados foram
terríveis. O desequilíbrio entre os segmentos da economia é Afonso Gonzaga, presidente da Associação
uma das características da retomada desta vez. Na indústria da
fundição, não é diferente. Nossos fornecedores e clientes se adaptaram a um mercado menor. Quando o con-
sumidor final reage, aumentando a demanda, toda a cadeia enfrenta dificuldades de abastecimento, o que num
primeiro momento provoca a falta de materiais e o aumento dos preços, até que um novo ponto de equilíbrio
seja encontrado. Além disso, é preciso reforçar que a retomada da economia poderia ser mais efetiva se não
fosse a componente política, que se agravou neste ano eleitoral, e que está impedindo que algumas reformas
absolutamente necessárias ao país sejam implementadas.
Quais devem ser os principais protagonistas da recuperação da indústria brasileira de fundição?
Gonzaga: A indústria de fundição atende a praticamente todos os setores da economia, mas a indústria automobilís-
tica sem dúvida tem um peso maior. O agronegócio também está tendo um forte impacto na recuperação do setor.
Quais podem ser os entraves para a recuperação da competitividade das fundições nacionais?
Gonzaga: Sem dúvida, o descompasso entre a oferta e a demanda de matérias-primas é um entrave para a
recuperação do setor. Neste caso, merecem menção principalmente a sucata e o ferro-gusa. Neste momento,
por exemplo, a procura por sucata é muito maior do que a sua geração. O ferro-gusa também não reage imedia-
tamente à demanda crescente das fundições. Esse desequilíbrio entre oferta e demanda faz com que os preços
destes insumos se elevem, onerando as fundições. Com o equilíbrio do mercado, em breve esta questão deve
ser resolvida ou ao menos amenizada.
Sobre a atuação da Associação, quais os principais pleitos dos associados ABIFA?
Gonzaga: O principal pleito dos nossos associados tem sido a redução dos preços das matérias-primas, a
exemplo da sucata e do ferro-gusa, conforme mencionado. Para atender a esta reivindicação, a entidade está em
contato constante com as entidades que as representam, buscando amenizar os impactos provocados. Na área
20 FMP, JUNHO 2018