O aquecimento do mercado interno e os desafios de exportação levaram a ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores a revisar suas projeções para o ano, originalmente feitas em janeiro.
Produção – Previsão 2023
A produção do setor foi levemente revista para baixo, devido ao forte impacto da queda das exportações, segundo a entidade.
A nova previsão é de um fechamento anual com 2.732 mil autoveículos produzidos, +0,1% do que em 2022. Em janeiro, esperava-se um crescimento de +2,2%.
Na divisão por categorias, o crescimento na produção de automóveis e comerciais leves foi revisto de +4,2% (janeiro) para +3,2% (outubro), enquanto o recuo previsto na produção de caminhões e ônibus foi de (20,4%) para (34,2%).
Emplacamentos – Previsão 2023
Segundo Márcio de Lima Leite, presidente da ANFAVEA, a alta nos emplacamentos tem sido a melhor notícia para o setor no ano. “Havia um temor de que o mercado se retrairia após o fim dos descontos oferecidos pelo governo federal, mas a média diária de vendas vem crescendo de forma consistente nos últimos dois meses”. Com isso, a projeção de crescimento nos emplacamentos foi elevada de +3% para +6% sobre o volume de 2022, com uma expectativa de 2.230 mil unidades no acumulado deste ano, sendo que para leves ela foi revista de +4,1% para +7,2% de alta.
No entanto, o presidente destaca que “dois terços dessa maior demanda do mercado interno vem sendo atendida por produtos importados”.
Para pesados, manteve-se a previsão de queda de (11,1%), em função do custo das novas tecnologias incorporadas para atender à fase P8 do Proconve.
“Ônibus estão tendo um desempenho além do esperado, mas os caminhões estão vendendo menos do que se previa”.
Exportações – Previsão 2023
Os embarques do setor foram o grande ponto de alerta para o setor automotivo nos primeiros nove meses do ano.
“A crise na Argentina, que fez nosso tradicional parceiro comercial perder para o México o posto de principal destino das nossas exportações, somada à queda de mercados domésticos no Chile e na Colômbia, fizeram com que nossos envios no período recuassem “11,2%” na comparação com o mesmo período de 2022. Com isso, nossas projeções, que eram de queda de (2,9%) no ano, foram atualizadas para um recuo de (12,7%) nos embarques ao exterior”.
Números de setembro
Isoladamente, setembro apresentou bons números de produção e mercado interno, considerando que teve três dias úteis a menos que agosto.
A média diária de produção foi de 10,4 mil unidades, a maior do ano, totalizando 209 mil autoveículos.
Já as 198 mil unidades vendidas representaram média diária de 9,9 mil unidades, a segunda maior do ano. Só perdeu para as 10,7 mil/dia de julho, mês impulsionado pelos descontos oferecidos pelo governo federal.
Já as exportações tiveram o mês mais fraco do ano, com 27 mil embarques.
Para máquinas autopropulsadas, os números são referentes a agosto, com boa recuperação na comparação com julho.
Máquinas agrícolas cresceram +23,3% em vendas e +0,8% em exportações. A desvalorização das principais commodities, de 8% a 25%, têm inibido os investimentos dos agricultores, o que justifica a queda de (9,9%) no acumulado do ano.
Máquinas rodoviárias registraram alta de +25,6% nas vendas e de +35,5% nos embarques em agosto. No acumulado, caíram (20,9%) em relação ao ano passado, que teve recorde histórico de vendas.
Até este momento, a expectativa de operacionalização do PAC leva muitas empresas a postergarem seus investimentos em maquinário.