Page 30 - Revista Fundição & Matérias-Primas
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ENTREVISTA








          Os custos dos insumos, matérias-primas e energia elétrica praticados no Brasil também estão na pauta
          de reclamações do fundidor, dada a dificuldade de repasse destes valores ao cliente final. Como a Fundi-
          mazza lida com estas questões?

          Santos: Nesses quase 20 anos, já nos reinventamos algumas vezes. Digo sempre que temos que sair do
          quadrado todo dia, buscar alternativas para melhorar processos e desenvolver sempre matérias-primas
          novas. E isso, fazemos incansavelmente. Como aqui e lá fora, todas as empresas buscam a redução de
          custos. Nós não fazemos diferente. Por exemplo, esse mês estamos iniciando a geração de energia foto-
          voltaica. Sabíamos que 2018 seria um ano muito difícil na questão energética, com relação aos aumen-
          tos, então investimos e iremos gerar 25% de todo o nosso consumo. Isso é uma forma de não repassar
          totalmente os aumentos aos nossos clientes. Nenhum cliente quer ou gosta de receber aumentos de
          preços, mas infelizmente há vezes que não conseguimos segurar. Nestes casos, a saída é negociar uma
          melhor forma, o que tem dado certo nesses quase 20 anos. O que não pode é ficar segurando os preços
          e não repassar. Penso que o negócio tem que ser do tipo “ganha-ganha”. Se só uma parte ganhar, a
          outra morre.



          A Fundimazza apresentou uma recuperação fora da curva da maioria das fundições à crise iniciada em
          meados de 2014. Em 2017, a empresa teve um incremento de 15% no seu faturamento, enquanto a in-
          dústria de fundição cresceu 5,4% em relação a 2016. Qual o segredo do sucesso?
          Santos: Não vejo muito como um segredo, e sim um trabalho sério, acreditando que o Brasil tem poten-
          cial. Somos 220 milhões de habitantes se alimentando, locomovendo, consumindo. Como participamos
          de um segmento no qual conseguimos trazer a redução de custos para os nossos clientes, em época de
          crise temos boas alternativas para conseguir aumentar as nossas vendas. Penso que a diversificação não
          serve somente para o nosso mercado, mas sim para quase toda empresa, principalmente as menores,
          iguais à nossa. Se você faz um único produto, o risco é muito grande de acontecer uma crise e você não
          estar preparado para suportar.



          A diversificação de nichos de mercados atendidos é um perfil bastante claro da Fundimazza. Por favor,
          discorra sobre essa estratégia da empresa.
          Santos: Isso é um fato relevante. Sempre, em nossa pequena história, pensamos que não devemos colocar
          todos os ovos em uma única cesta. Atualmente, não temos nenhum cliente que gere mais do que 8% de
          nosso faturamento e não temos nenhum segmento que ocupe mais do que 15%. Como disse anterior-
          mente, somos um país com 220 milhões de habitantes. Em um momento, estamos construindo e não
          comprando carros; em outro, é o contrário. Então, como não somos competitivos globalmente, temos
          que focar em nosso país.



          A Fundimazza começou a exportar recentemente. Quanto as exportações representam na produção da
          empresa?
          Santos: Há alguns anos, começamos a pensar em exportação e avaliar quais países ou continentes


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