Page 30 - Revista Fundição & Matérias-Primas
P. 30
E
ENTREVISTANTREVISTA
Carlos Quintella, a visão de um profissional de ofissional de
Carlos Quintella, a visão de um pr
fundição brasileiro há quase 30 anos no exterioro há quase 30 anos no exterior
fundição brasileir
esta edição conver- arco e cubilô, além de atuar nos posição de terceira maior fundi-
samos com Carlos departamentos de processo me- ção do Brasil.
NQuintella, engenheiro talúrgico, tratamento térmico e Com experiência de 30 anos atuan-
metalúrgico, que iniciou a sua refratários. Na mesma empresa, do no exterior, nesta entrevista
vida profissional em 1975, como também foi gerente de engenha- Quintella aborda temas como as ten-
estagiário na Fundição Barra do ria e diretor de vendas de ambas dências da indústria de fundição, as
Piraí (RJ), logo depois Thyssen as plantas da Thyssen no Brasil principais preocupações, a perda de
Fundições. (Barra do Pirai e Matozinhos). espaço para os mercados chinês e in-
Na Thyssen, Quintella foi res- Na época, as duas unidades so- diano, e as características do execu-
ponsável pela divisão de fusão e mavam 90 mil t anuais de produ- tivo brasileiro, em comparação com
metalurgia com fornos a indução, ção, o que colocava a empresa na as culturas alemã e norte-americana.
Quais eram as principais particularidades da indústria brasileira quando iniciou a sua carreira?
Quintella: Certamente era a instabilidade política e econômica. Dos anos 1980 a 1995, o Brasil viveu altos
índices de inflação, que chegou a 4000% ao ano em 1990. Nesta época, eu assumi a diretoria comercial da
Thyssen Fundições, com o desafio de buscar negócios no exterior, para compensar as grandes flutuações do
mercado interno.
Qual o papel da ABIFA nesse período?
Quintella: As reuniões mais importantes da entidade nessa época não tinham tanto cunho técnico, mas sim a
intenção de discutir os índices de reajuste e mecanismos de correção dos preços. As empresas tinham o desafio
de sobreviver não tanto pela competência técnica, mas sim pela gestão comercial e financeira do negócio. A
partir de 1995, com a entrada de um novo governo, a inflação recuou e as investidas em exportações tomaram
novos rumos. Chegamos a exportar 50% da produção.
Quais os principais “choques”, do ponto de vista industrial, quando em 1982 o senhor iniciou a sua carreira no
exterior?
Quintella: Primeiramente, fui para a matriz da Thyssen na Alemanha, onde fiquei até 1985. Na Alemanha, apren-
di e absorvi a importância dada ao cumprimento e documentação dos processos. “Faça o que está definido.
Melhorias são bem-vindas com o aprimoramento do processo, mas faça sempre da mesma forma até que o
30 FMP, OUTUBRO 2020