Page 31 - Revista Fundição & Matérias-Primas
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“Temos no Brasil todas as
condições de competir sem
nada deixar a dever pelo
aspecto tecnológico e/ou
melhores práticas”
novo modelo seja aprovado e os novos proces-
sos se tornem padrão”. Aprendi na prática o rigor
dessa cultura e testemunhei a dinâmica das novas Carlos Quintella, presidente da QF Engineering
tecnologias migrando rapidamente dos centros de
pesquisa para a prática operacional.
E nos Estados Unidos?
Quintella: Estou no país desde 2003, onde constatei como o brasileiro tem uma característica muito mais de
atuação plural do que a prática por aqui. Ter um conhecimento plural nas discussões, não somente técnicas, é
uma vantagem competitiva. De maneira geral, nosso nível técnico no segmento de fundição não deixa absolu-
tamente nada a desejar quando comparo as práticas no mercado norte-americano.
Por favor, trace um panorama do mercado dos EUA na última década.
Quintella: No início dos anos 2000, havia em torno de 2.800 fundições, contra 1.900 agora. As que se man-
tiveram, possuem um melhor índice de produção por planta. Muitas fusões e aquisições acorreram, processo
que continua. O nível de automação nas empresas, que representam os 75% do mercado (menos de 100
funcionários), é normalmente baixo. Tomando por base os números publicados pela AFS (American Foundry
Society), ano base 2017, as fundições na Alemanha têm capacidade de produção duas vezes maior que as
norte-americanas (somente ligas de ferro fundido). Não posso avaliar se pelo tamanho das empresas ou pelo
nível de produtividade.
E do ponto dos índices de refugo e rendimento metálico?
Quintella: Nestes aspectos, os números dos EUA estão, em geral, longe de referências que demonstrem boas
práticas. Não quero generalizar e colocar um rótulo, haja vista 1.900 fundições. Na Europa, é muito pouco usual
a produção de ferro fundido usando linhas de moldar em bolo de areia (flaskless), visto que muito se valoriza o
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